terça-feira, 11 de agosto de 2009

A emoção política e as falsas assimptotas partidárias

Há quanto tempo não sente emoção política? Aquela emoção de votar num candidato e reunir nele grandes esperanças. Aquela emoção de ir para a rua e gritar-lhe orgulhosamente o seu apoio. Aquela emoção de votar num candidato cuja competência e rigor o colocam em lugar diametralmente oposto à corrupção e ao desperdício. Aquela emoção de confiar e acreditar num político e nas suas políticas de educação e saúde que tanto afectam os seus familiares mais queridos. Aquela emoção que leva às urnas de voto grandes peregrinações e dizima a abstenção. Aquela emoção em que o povo muda a História do seu país e se muda a si mesmo.


Há quanto tempo? Sé é que alguma vez sentiu essa emoção. Será possível viver essa emoção em Portugal? Obama conseguiu emocionar politicamente a América. Ganhou a América e o mundo. Por um instante todos tivemos inveja da emoção política que nunca nos foi proporcionada. Para bem governar escolheu um grupo dos mais competentes, não consta que “enforcasse” os seus opositores, nem “matasse coelhos” de cajadadas. Hillary Clinton é a vice-presidente, melhor não podia ser. O mérito acima das politiquices e do clientelismo. Defender o mérito é defender os portugueses, vê-los como um povo válido e não como condenados ao zigue-zague doutrinário que nos leva direitinhos ao abismo.


E por cá? Talvez D. Afonso Henriques, talvez D. João II, talvez, talvez...mas seria emoção política? Foi há tanto tempo... O bravo Salgueiro Maia fez o milagre de emocionar um país pela Liberdade. Com a democracia abriu-se o caminho para a emoção política mas, a partidocracia condenou-a a viver na sua prisão. Para ela não houve cúmulo jurídico. O país desenvolveu-se de crise em crise, respira uns segundos e fica mergulhado uns minutos. Neste último mergulho, a situação é de alto risco, preocupação máxima para o social e o económico. Nos anteriores mergulhos valeu-nos a respiração boca-a-boca da UE. Valha-nos Deus nos próximos.


Hoje a emoção política está atravancada, permanente eclipsada pelo “centrão” político. Novos partidos são censurados, novas ideias são desprezadas. José Sócrates frustra os portugueses e afirma (aqui) para os que se deixam enredar na teia do situacionismo: “não haja ilusões: para Portugal, a alternativa real é entre o PS ser chamado de novo a formar Governo ou regressar a um Governo de direita.” A alternativa “Real” que propõe é a instituição de duas monarquias, que dinasticamente e em alternância nos impingem a realeza.


Não haja ilusões? Pois eu respondo-lhe que ninguém nos tira a ilusão de ver Portugal livre dos atavios da esquerda e da direita, desse divisionismo anacrónico que tanto nos tem prejudicado. Não separo os portugueses, os que votam na esquerda ou na direita não são hemiplégicos ideologicamente, antes estão presos por essa lógica disfuncional. Os melhores talentos para Governar o país não têm que ser divididos, têm que ser unidos e reunidos. O MMS, que me fez sentir emoção política para abraçar a sua causa, reunirá os melhores políticos pelo seu mérito. É um acto de inteligência valorizar e aproveitar a boa esquerda, o bom centro e a boa direita. Bom e mau, eficiente e ineficiente, mérito e demérito, paz e guerra, liberdade e ditadura nada têm a ver com esquerda e direita.


Que ridículo e menosprezador seria querer caracterizar simplisticamente de direita ou de esquerda os heróis da humanidade, que ridículo querer alistá-los à força nesses bandos. A liberdade, a ideologia e a própria vida são assimptóticas, por mais que queiramos não podemos ultrapassar os seus limites, a isso estamos condenados pelas leis naturais. Por outro lado, por mais partidos que surjam e por mais ideólogos que enalteçamos tudo se resume a desenhar linhas insignificantes que pretendem tornar errante uma, outra ou várias assimptotas e com isso limitar a uma fracção das suas possibilidades todo um povo.


Quem quer Mudar Portugal?


Abraço,

Sérgio Deusdado

sdeusdado@mudarportugal.pt

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Está de acordo com a existência de milhares de lugares de nomeação na administração pública?