quinta-feira, 4 de junho de 2009

No dia 7, povo escreve-se com “X”


O simples apelo ao voto é pequena contribuição para reduzir a abstenção. É preciso reabilitar a confiança na política para que, por consequência, se reduza a abstenção.

Quando vejo o senhor Presidente da República, secundado pelo senhor Primeiro Ministro e pelos senhores cabeças de lista dos partidos tradicionais apelar ao combate à abstenção nas Eleições, agora circunstancialmente contextualizados nas Eleições ao PE, interrogo-me se ainda não perceberam que os portugueses só não votam mais porque não confiam nos políticos. Fazer a cruz à frente de um símbolo partidário só porque é necessário combater-se a abstenção para agradar às estatísticas europeias não mobiliza ninguém.

Ninguém negará que os novos partidos (MMS e MEP) têm feito um trabalho extraordinário na redução da abstenção. E fazem-no da melhor forma, incentivando a atitude proactiva no sentido agir para mudar Portugal, cativando anteriores descrentes para a missão, que é de todos, de construir um Portugal com mais qualidade de vida. Os eleitores que vão votar em novos partidos são sobretudo gente que, finalmente, encontrou merecimento no destinatário do seu voto. Isto é bonito! Desenganem-se aqueles que julgam que os portugueses são eleitoralmente desleixados, o que acontece é que para votar com convicção num candidato é necessário acreditar nele.

Para um votante socialista – transmontano por exemplo - podem colocar-se problemas de consciência ao pensar que pode estar a votar num ex-ministro demitido que muito mal fez à sua região. Já os eleitores dos novos partidos têm consciência que o seu voto só poderá eleger o cabeça de lista e, portanto, é como se votassem de forma uninominal. Nalguns países, como por exemplo, na Inglaterra vota-se para as Europeias em círculos regionais e dessa maneira todas as regiões estão representadas.

Os círculos uninominais e a regionalização são ideias centrais do MMS que podem devolver à política a confiança dos eleitores. Por muitas voltas que se queiram dar: a política só ajudará os portugueses quando os portugueses ajudarem, a reformar, a política. Afastar-se da política é deixar espaço para que alastre a corrupção da democracia. Quem faz as revoluções, sobretudo as inteligentes, é o povo. No dia 7, povo escreve-se com “X”.

Abraço,
Sérgio Deusdado

Artigo também publicado aqui.

Comentários recentes

Está de acordo com a existência de milhares de lugares de nomeação na administração pública?