quarta-feira, 8 de julho de 2009

Vai chover. Vai tu.

Já ouvimos o PM José Sócrates, na primeira pessoa, defender uma opção Keynesiana para contrariar a crise e dinamizar a economia. Alternativamente, um dos nossos mais proeminentes jovens economistas, o Professor Ricardo Reis, defende - de forma sustentada - que a redução de impostos produz melhores resultados na economia do que o aumento da despesa pública. Em concreto, estudos recentes provam que 1 euro gasto pelo Estado pode render 1,4 euros no aumento do PIB e, por outro lado, 1 euro reduzido aos impostos pode resultar em 2 a 4 euros de aumento no PIB. Está tudo explicado aqui.

A teoria das melhorias estruturais está provada como mais eficiente também noutros domínios. Se pensarmos no funcionamento da Internet, por exemplo, será fácil concluir que mesmo introduzindo fibra óptica nalguns segmentos da rede, o resultado final no incremento da qualidade do serviço na Internet global é pouco ou nada representativo. Se por outro lado, fosse introduzido universalmente um protocolo de compressão em tempo real da informação, de forma a comunicar o mesmo conteúdo mas reduzindo em 20% o custo de codificação então, teríamos um ganho global de eficiência equivalente, o que corresponderia a milhões de investimento em upgrades físicos na rede para obter o mesmo ganho.

Voltando à economia, concordo em absoluto com o Professor Ricardo Reis (tenho natural simpatia por quem revela mérito, ou não fosse eu militante do MMS), e com a decisão de promover a baixa de impostos em tempo de crise económica, sobretudo nos impostos que mais penalizam a produção e o trabalho, pois não consigo vislumbrar melhor forma de distribuir esse dinheiro público por quem pode incentivar e motivar incremento de produtividade. De facto, dessa forma, quem mais beneficiaria com a baixa dos impostos seria quem mais produz, enquanto que quem mais beneficiará com os investimentos públicos megalómanos e de indispensabilidade hiperduvidosa são uns poucos empresários que dominam as “interfaces” e os “protocolos” de acesso às torrentes de dinheiro público.


Como não sou fundamentalista, aceito que o Estado/Governo deva aumentar a despesa pública em tempo de crise, mas nunca de tal forma que o volume de despesa pública seja dramaticamente superior ao “investido” na baixa de impostos. Comparando a economia com o ciclo da água, todos sabemos que a água - tal como o dinheiro - chegará ao oceano mas, se em vez de chuva tivéssemos descargas directas nos caudais dos rios, mesmo que algo afastadas da foz, o aproveitamento da água seria muito reduzido. Têm de concordar comigo em que, a baixa de impostos está mais perto da chuva e os grandes investimentos estão mais perto das descargas directas nos rios.


Abraço,

Sérgio Deusdado

MMS-Bragança

sdeusdado@mudarportugal.pt

2 comentários:

Anónimo disse...

Pergunte-se a um empresário ou a um trabalhador se prefere o TGV Lisboa-Porto ou uma baixa percentual nos impostos e prontamente teremos a resposta óbvia que será a baixa e impostos.

Como disse e muito bem, caro Sérgio Deusdado, a baixa de impostos beneficia quem mais produz. As empresas instaladas em Portugal têm que dar imenso da sua riqueza produzida ao Estado, desmotivando os patrões e gestores em apostar no crescimento das suas empresas, pois vêm depois os impostos que lhes são cobrados a serem canalizados para investimentos públicos não só desnecessários, mas também acarretando grandes derrapagens no orçamento previsto.

O Estado necessita de impostos para manter os serviços que servem a população e para promoverem a redistribuição de riqueza, disso não há dúvidas. O problema é que os nossos Governos não só mantêm a carga fiscal elevada por demais, como depois ainda usam mal esses impostos.


Cumprimentos,
Vítor Soares.

Sérgio Deusdado - MMS Bragança disse...

Caro Vitor,

O "espírito" do post é mesmo esse.

Abraço,
SD

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