domingo, 23 de novembro de 2008

Principais alvos da mudança: modelo de governação mais democrático e políticas mais responsáveis

Eduardo Correia em entrevista ao jornal "O Balcão"



“Queremos mudar Portugal”
Sexta-feira, 24.10.2008 - 16:46



Eduardo Correia, presidente e fundador do MMS, tem uma nova visão da arquitectura governativa para Portugal. Com dificuldades financeiras, o movimento luta arduamente contra o status quo estabelecido. A comunicação social nacional ignora o movimento, mas Eduardo Correia acredita que, quem fica a perder, é o país. Na opinião deste responsável, “os portugueses andam a ser enganados e reina a desonestidade política”. Em suma, é preciso mudar urgentemente.



O Balcão - Como surgiu a ideia de mais um partido político em Portugal?

Eduardo Correia - Começou pela escrita de um Manifesto cujo propósito foi o de diagnosticar a sociedade, a economia e o modelo governativo vigente em Portugal, e apresentar soluções para o imbróglio em que, infelizmente, o país se encontra. Cansado do discurso vazio e da ausência de compromissos e de práticas credíveis dos partidos e ao constatar que em Portugal apenas se pode concorrer a São Bento através de um partido politico e comprovando que os partidos em actividade se converteram em agências de emprego e traficantes de influências pareceu-me necessário apresentar um instrumento de intervenção politica que sem interesses escondidos, com novas pessoas e novas ideias pudesse apresentar soluções não corrompidas para mudar Portugal.


O Balcão - Que características tem o MMS que o diferencia das restantes forças políticas?

Eduardo Correia - Novas pessoas que nunca estiveram envolvidas com partidos políticos, cansadas de se sentirem enganadas. Somos a única força em Portugal que critica e combate os dinheiros pagos pela subvenção estatal aos partidos políticos. Defendemos uma profunda alteração às práticas governativas no sentido de impedir a promiscuidade actualmente existente entre partidos políticos e dinheiros públicos. Observámos e pensámos sobre os temas em profundidade. Não queremos ocupar a actual arquitectura de governação. Propomos alterações muito profundas ao modelo governativo em Portugal que tem possibilitado que aquilo que é prometido seja de modo absolutamente impune não cumprido. O actual modelo de governação corresponde a um abuso de um sistema que todos desejávamos que fosse democrático. É um abuso o que se tem vindo a passar em Portugal nos últimos 15 anos. O país está à beira de uma enorme desgraça e os governantes e políticos tradicionais nem sentem por tão protegidos se encontrarem. Inadmissível. Diferencia-nos claramente este inconformismo com estes abusos.




“Assalto aos dinheiros públicos”





O Balcão - Como é financiado o Movimento?

Eduardo Correia - Com grande dificuldade pelos donativos entregues por simpatizantes. Pessoalmente tem sido um ano financeiramente desastroso. Os partidos com assento parlamentar receberam nos últimos 4 anos cerca de 150 milhões de Euros dos cofres do estado directamente às suas contas bancárias. Num país com a dimensão do nosso e com as dificuldades financeiras que atravessa, facilmente poderemos apelidar de assalto ao bem público. É aquilo que faz com que os dirigentes partidários – da esquerda à direita – andem tão despreocupados e tão sorridentes. Não fazem a mais pequena ideia do significado da responsabilidade dos cargos para os quais foram eleitos.



O Balcão - Que tipo de apostas tem o MMS para entrar no grande público eleitor, a nível de pessoas?

Eduardo Correia - Encontrar todas as formas para divulgar a nossa mensagem. Os órgãos de comunicação social nacional, nomeadamente as televisões, têm ignorado o MMS. É uma luta difícil e desigual na qual, sem qualquer dúvida, os portugueses ficam prejudicados. Portugal necessita de ser governado de forma completamente diferente. A não operacionalização do modelo proposto pelo MMS é remeter o país para maior atraso social, educacional e económico.





O Balcão - O que pensa o MMS sobre Segurança e Justiça?

Eduardo Correia - Que o país está cada vez mais inseguro. O cidadão sente todos os dias esse clima. Há falta de meios de segurança humanos e tecnológicos; as revisões realizadas ao código penal são criminosas por facilitarem a vida aos criminosos. Não parece real o que tem vindo a acontecer em Portugal. A política de justiça e de segurança tem sido um verdadeiro desastre e é bem demonstrativa do nível, capacidade e competência com que o país tem sido governado. Os portugueses não acreditam na segurança e não acreditam no sistema de justiça. Muito mau sinal. O sistema de segurança e a justiça necessitam de meios mais eficazes, de processos mais simples para poderem ser mais eficazes. Não é aceitável andar para trás nestes domínios. Incompetência e leviandade puras.



O Balcão - O que pensa o MMS sobre Educação?

Eduardo Correia - Escolaridade mínima obrigatória 12 anos, prémios de mérito para alunos e professores, pontualidade, assiduidade e comportamento contribuem para a avaliação do aluno, dinamização de escolas de talentos para o desporto, artes, ciências e tecnologias, exames nacionais em todos os anos, introdução de trabalho no currículo escolar a partir dos 15 anos, são alguns dos exemplos que deveriam constituir parte integrante do importante investimento a realizar-se na educação dos nossos jovens. Os governos preferem decidir sobre qual será o empreiteiro das obras públicas de cimento. Porque será?


O Balcão - O que pensa o MMS sobre Economia e Finanças?

Eduardo Correia - A economia e as finanças são o reflexo do funcionamento de toda uma sociedade quando traduzidos para dinheiro. Uma economia só enriquece quando produz mais do que gasta. Quando exporta mais do que importa. Portugal faz demasiado tempo que anda a gastar mais do que produz. Insustentável e eticamente condenável. Que direito temos de passar divida para as gerações dos nossos filhos e dos nossos netos? Somos donos da maior parcela de mar europeu. Os maiores da Europa e nada fazemos para tornar esse importante activo em riqueza. Incompetência pura. Há possibilidade de Portugal ser um país referência em determinadas matérias. A ausência de visão de futuro e de estratégia para o país contribui para o desânimo e para a incapacidade em tornar este povo numa grande equipa.



“Perto da ditadura”



O Balcão - O que pensa o MMS sobre a forma de representação política em Portugal?

Eduardo Correia - Vivemos debaixo de um modelo que dá aos partidos demasiado poder sobre os eleitos. Desta forma há um grau de desresponsabilização dos eleitos perante os eleitores. Não anda longe de um sistema ditatorial, com a diferença que se pede ao eleitor que valide pelo voto.


O Balcão - O que pensa o MMS sobre Cultura e Comunicação Social (blogs inclusivé)?

Eduardo Correia - A comunicação social é um instrumento de formatação cultural. Incontornável e por isso tão importante na formação de opinião. Os blogs são um instrumento de comunicação que ao massificarem-se vão perder a capacidade de influência. O crescimento dos blogs irá provocar a diminuição da importância relativa de cada um deles.



O Balcão - O que pensa o MMS sobre Saúde?

Eduardo Correia - Acreditamos que o Estado deve ter um papel de protecção em determinadas matérias. O acesso à saúde é essencial que seja feito em igualdade de oportunidade por qualquer cidadão. Temos dado passos interessantes, mas continua a gastar-se demasiado mal gasto neste e noutros sectores. O cidadão continua a ser em última instância o sacrificado. As filas de espera são uma realidade e o sistema de saúde tende a ficar cada vez mais longe das pessoas. Direcção errada no nosso entendimento. Estas decisões são sempre realizadas por quem na sociedade tem uma situação privilegiada e por isso distante da verdade da realidade da população. Errado.



O Balcão - O MMS procura protagonismo na Assembleia de República?

Eduardo Correia - Claro! É a partir da AR se transforma o país. É a partir da AR que se governa o país. Se os Portugueses chegarem ao contacto e ao entendimento da visão do MMS, teremos então o início da revolução que o país necessita. Uma revolução inteligente




“Sistema está podre e corrupto”



O Balcão - Eleições: a quais vai o MMS concorrer e que expectativas?

Eduardo Correia - Legislativas são a prioridade. Sem expectativas por agora. Trabalhamos todos os dias para passar a mensagem. Se a mensagem passar demolimos este sistema podre e corrupto.



O Balcão - O MMS já tem expressão nacional?

Eduardo Correia - Ainda é pouco conhecido. Há um caminho a ser feito para que Portugal saiba da existência do MMS



O Balcão - Como se relaciona o MMS com as restantes forças políticas com assento parlamentar?

Eduardo Correia - Não se relaciona e tem por objectivo demonstrar aos portugueses que existe entre todos um claro entendimento sobre temas de distribuição de pelouros e dinheiros. Aí estão todos de acordo. Estamos e estaremos fora desse tipo de entendimentos. A razão primeira da nossa existência visa terminar com esse modelo que todos eles querem ocupar.



O Balcão - O que pensa o MMS sobre a problemática da regionalização?

Eduardo Correia - É essencial que o modelo de gestão local evolua. Não podemos continuar a aceitar que o modelo autárquico que nasceu no século 19 continue a ser a base da divisão administrativa do país. Não serve os interesses de ninguém. Mantém-se porque constitui uma fonte de emprego para a clientela dos partidos. Os portugueses andam a ser bem enganados


O Balcão - Qual o entendimento do MMS sobre as maiorias absolutas?

Eduardo Correia - Nada contra. O problema com ou sem maioria absoluta reside na desonestidade de quem governa e na incapacidade de dar o dito por feito. Será que os portugueses não perceberam ainda que assim não podemos continuar? Quem governa deve meter os interesses da qualidade de vida do cidadão à frente destes abusos.

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