Non in depravatis, sed in his quoe bene secundum naturam se habent, considerandum est quid sit naturale.
Aristóteles, Política, livro I, cap. II, citado por Rousseau no “Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens”.
Não no que está distorcido, devemos procurar o que é natural, mas no que está bem ordenado pela natureza.
Aristóteles entenderia que o natural e a ética se desencontram com prejuízo para a humanidade. Tomando, hoje, a democracia como natural, a partidocracia emergente não é mais que uma degeneração de ética de quem a desenvolve num regime democrático.
Traduzido para o cenário político português significaria qualquer coisa como: “não é natural procurar soluções de reabilitação da democracia portuguesa nos partidos que a fizeram degenerar durante décadas”.
Por isso, novos partidos como o MMS - Movimento Mérito e Sociedade fazem falta. Grassa a abstenção graças à descrença nos partidos instalados. Inovar é preciso e, muitas vezes, edificar de raiz evita futuros problemas estruturais. Sem arroubos de Sebastianismo nem snobismo, não há nenhum problema no facto de o MMS reeditar, aqui e ali, algumas das ideias já avançadas, em tempos, por outros partidos. O problema esteve e continua a estar nesses partidos que nunca as chegaram a concretizar, porque por falta de ética política e democrática se desnaturalizaram. Provas? Veja-se a dificuldade de convivência entre gerações no PS. Para os que respondem com a pluralidade pergunto eu: e criticam o MMS por não se considerar estritamente de uma qualquer zona contígua entre esquerda e direita?
Ocorrem-me uns anúncios que andam por aí que dizem: “Vais mudar ou vais continuar a sofrer?”
Abraço,
Sérgio Deusdado
Nota: Artigo também publicado aqui.