domingo, 17 de maio de 2009

Novo jornal i: Pintar os lábios ao porco...





Esta notícia do novo jornal i merecia que fosse processado... Não o jornalista mas quem lhe deu os argumentos para ele escrever o que escreveu, baseando-se apenas em factos da desgovernação.

"Guardar a carne podre no congelador não resolve problema nenhum: a podridão mantém-se, embora o cheiro desapareça. Durante oito meses, o ministro das Finanças evitou o confronto com a realidade.

Apresentou um orçamento tirado das páginas das "Mil e Uma Noites": o produto interno bruto (PIB) ia crescer 0,6%, afinal vai cair 3,4%; a procura externa ia crescer 1,5%, afinal cairá para os 11,6%.

Teixeira dos Santos não pode dizer que, em Outubro de 2008, não era possível prever a dimensão da crise mundial. Não é verdade. O orçamento foi apresentado aos deputados um mês depois da falência do banco Lehman Brothers e um ano e meio depois de ter rebentado a crise das hipotecas-lixo na América.

O ministro das Finanças pode dizer-nos que os seus cálculos não eram mentira, revelavam apenas amor pelo país: reflectiam a urgência de insuflar as frágeis expectativas dos portugueses.

A justificação é fraca.


Meter a cabeça na areia nunca é boa solução. Dizer que todos os governos europeus apresentaram orçamentos delirantes também tem as pernas curtas: todos o fizeram para defender os próprios interesses político-partidários. A realidade era feia, a opção não foi reconhecer o rombo; foi pintar os lábios ao porco.

Chegados aqui, resta concluir que a credibilidade política do Orçamento do Estado sai ainda mais depauperada. Confirma-se que as empresas e as famílias devem desconfiar do que lhes é apresentado nas previsões anuais do governo. As suas opções de investimento e poupança não podem ser calibradas tendo o orçamento como referência. Num período de especial insegurança, teria sido importante que os números se tivessem aproximado minimamente da realidade. Sobra outro ponto. Se em Outubro do ano passado o governo tivesse assumido as dificuldades, teria feito todo o sentido a criação de um gabinete de acompanhamento especial no Parlamento para fiscalizar (sem burocratizar) as opções tomadas e os investimentos concretizados. Poderes excepcionais para momentos excepcionais. Hoje, ninguém sabe muito bem quanto dinheiro público foi gasto e onde. Pior: ninguém sabe se há ou não estratégia para reduzir a dívida pública que atingiu níveis alarmantes. Em breve, só em juros o país vai gastar quase 65% do que gasta em saúde pública. Isto vai doer.

por André Macedo, Publicado em 16 de Maio de 2009"


Fonte: Jornal i, link do artigo:
http://www.ionline.pt/conteudo/4616-pintar-os-labios-ao-porco

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Está de acordo com a existência de milhares de lugares de nomeação na administração pública?